Livro: “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal”

Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt, é um livro de história e filosofia escrito a partir de um período dramático da humanidade, o holocausto judeu. A “banalidade do mal” a que se refere a autora é a capacidade (ou a falta de capacidade) de se responsabilizar pelos próprios atos, sobretudo os mais violentos — como colaborar no extermínio de milhões de pessoas. Adolf Eichmann, o réu, responsável por parte do transporte alemão durante a segunda guerra, alegou que “só estava cumprindo ordens”, ao mandar judeus para o campo de concentração.

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Trechos do livro

Na época, os alemães usavem uma linguagem velada para se referir ao extermínio.

(…) toda correspondência referente ao assunto ficava sujeita a rígidas “regras de linguagem” (…) Os codinomes prescritos para o assassinato eram “solução final”, “evacuação” e “tratamento especial” (…) Além disso, o próprio termo “regra de linguagem” era um codinome; significava o que em linguagem comum seria chamado de mentira.
— (págs. 100 e 101, destaques meus)

Sobre a banalidade do mal.

O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente normais.
— (pág. 299, destaque meu)

Sobre a esquiva de uma pessoa à responsabilidade sobre seus atos.

Suponhamos, hipoteticamente, que foi simplesmente a má sorte que fez de você um instrumento da organização do assassinato em massa; mesmo assim resta o fato de você ter executado, e portanto apoiado ativamente, uma política de assassinato em massa. Pois política não é um jardim-de-infância; em política, obediência e apoio são a mesma coisa.
— (pág. 301, destaque meu)

A autora ainda ressalta o fato de que o réu, Eichmann, não era um vilão clássico.

A não ser por sua extraordinária aplicação em obter progressos pessoais, ele não tinha nenhuma motivação. E essa aplicação em si não era de forma alguma criminosa; ele certamente nunca teria matado seu superior para ficar com seu posto. Para falarmos em termos coloquiais, ele simplesmente nunca percebeu o que estava fazendo.
— (pág. 310)

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